terça-feira, 14 de outubro de 2014

Joga pedra na Geni! ♬

A gestão Ghizzi, sua oposição e nossa história recente

por LUIS FELIPE GENARO


Poucos historiadores creditam na chamada História do Tempo Presente a importância que seus preceitos verdadeiramente merecem. Compreender a história de nosso próprio tempo resulta numa ânsia individual de ampliar, questionar, elucidar e, por que não, transformar o contemporâneo amparado pelos inúmeros sujeitos, acontecimentos e processos do passado. Evocar temporalidades diversas no afã de redescobrir nos turbilhões do imediato o que foi dito por muitos e compreendido por poucos.

A história recente de nosso município é claramente inexpressiva – aqui, tomando como motor da História o conflito e a transformação. Esclareçamos: a História inexiste na Itararé recente não por falta de registros ou vivências. Afinal, nem só de decretos do Executivo e escândalos de corrupção ela é feita. Nota-se ao olharmos atentamente para trás apenas um enorme vazio que, aos poucos, parece estar sendo preenchido. 

No que tange movimentos e mudanças, nossas duas últimas décadas são estátuas enferrujadas e estáticas. Corporificadas numa meia dúzia de indivíduos gananciosos, retrógrados e parasitários – que hoje salivam por seu retorno às estruturas – o município divisor de estados parecia adormecido e incapaz de incentivar seus próprios habitantes e incitar suas poucas mentes pensantes. Numa economia voltada ao comércio, ao consumo e sem estimulo cultural, turístico, esportivo e educacional algum por parte de administrações passadas e seus ex-prefeitos, Itararé tornou-se aquilo que muitos até certo tempo enchiam o peito para dizer: uma terra oca, acrítica, sem lei. 

Em meio à inércia, claro, havia vozes dissonantes. Algumas delas, ainda presentes na Câmara de Vereadores, por exemplo, parecem ter sido caladas, compradas, não se sabe. Outras, as mesmas que alçaram os degraus da Prefeitura Municipal, ainda lutam com coerência pela transparência e legalidade. Os acontecimentos que sucederam na última eleição municipal extrapolaram as próprias disputas e candidaturas. Enquanto projetos de poder foram articulados por velhos e novos atores políticos que, como se observa, surgiram para não tão cedo arredarem o pé, outros visavam melhorias, possíveis reformas e uma vida digna e justa para todos os itarareenses. Como se viu, não foi pelas urnas que este último projeto venceu. 

Com a vitória do ex-prefeito Luiz César Perúcio, rebentou a indignação de mais de 60% do eleitorado itarareense, culminando logo em seguida no movimento que simbolicamente “enterrou” o futuro da cidade, levando mais de 350 moradores às ruas. Havia uma agitação fervorosa nas redes sociais e por toda a imprensa local. Lembremos que um ato contra a corrupção, escancaradamente arraigada no Executivo naqueles anos, havia ocorrido meses antes na principal rua da cidade, envolvendo dezenas de pessoas. Cassado pela Justiça Eleitoral, Perúcio e seus “auxiliares” recuaram. Cristina Ghizzi foi diplomada chefe do Executivo abrindo na manhã do 1º de janeiro de 2013 as portas de uma prefeitura saqueada, desvirtuada, deflorada e tudo o que for de pior e mais estapafúrdio. 

As primeiras ações do novo governo exigiram esforços mil: reorganizar as parcas finanças que a prefeitura detinha – pagando, inclusive, grandes e pequenos rombos deixados para trás. Na Saúde projetou-se investir mais nos postos espalhados pela região e na compra e renovação de equipamentos. No Turismo, e graças ao auxilio de parcelas da população, o parque ambiental da Barreira foi revitalizado nos seus mais diferentes aspectos, sem nos esquecermos de projetos e eventos que elevam cada vez mais as belezas regionais. 

Na Cultura, o Teatro Sylvio Machado recebe atualmente espetáculos musicais, teatrais, literários, sessões de cinema para adultos e crianças, shows de dança, entre outras atrações que vem conquistando uma população outrora carente de diversidade e fenômenos culturais dessa verve. Enquanto os números da Educação não param de crescer, reformas em quadras esportivas, pontes, espaços de lazer e praças públicas ocorrem sem cessar. Na Segurança, câmeras de videomonitoramento. Na garagem municipal, uma renovação da frota como nunca antes vista: novas ambulâncias, vans, caminhões, kombis e maquinário. 

Reflito até que ponto a oposição política e midiática à gestão Ghizzi não o faz ao próprio povo de Itararé. Seria necessário explicar à patota de inimigos históricos da população, os mesmos sujeitos das tramoias e alianças escusas, dos sorrisos hipócritas e trajetórias imundas, que “fiscalizar” não significa “perseguir”? A imprensa local, salvo raríssimas exceções e concentrada nas mãos de vereadores e famílias claramente avessas à mudança, destilam todo o ódio, repulsa, distorção e desinformação em suas páginas e rádios. Interesses pessoais nada saudáveis – eleitoreiros! – são fantasiados de um “antipetismo” alienante, entre um e quinze erros gramaticais crassos. Em suma, nossa imprensa local não passa de uma piada de muito mau gosto. 

As peças centrais da gestão Ghizzi devem permanecer vigilantes, assim como a própria prefeita e seu vice. Sabemos que o caminho trilhado pela administração é fundamentado no ranço pela malfadada corrupção política e todo mal por ela gerado. Nesse trilhar, aos trancos e barrancos, equívocos, pequenos erros ou questões mal explicadas estão sendo transformadas no púlpito escandalizador da nobre vereança nos “maiores casos de corrupção já assistidos pela população de Itararé”. Com discursos eloquentes vão manchando o Executivo, acusando, distorcendo, corroendo.

Cristina Ghizzi, dentro da própria estrutura, deveria afastar aqueles que atravancam o processo em curso; reafirmar sua postura combativa frente àqueles que a detratam semanalmente e que, cada pequena escorregadela de sua gestão, aproximam-se dos cofres públicos; e, finalmente, deveria aproximar-se cada vez mais daqueles que mantêm, pensam e lutam pelo seu governo: o povo. 


Quando analiso nossa história recente, o atual cenário político e os ataques contra a prefeita recordo Geni e Zepelim, canção magistral composta por Chico Buarque décadas atrás – aqui, obviamente em outro contexto. Para essa oposição sem limites, Cristina foi “feita pra apanhar, boa de cuspir”. Estufam o peito e gritam: “joga pedra na Geni!”. A maioria arremessa sem dó ou piedade. Não na prefeita em si, mas no seu próprio futuro em Itararé.

2 comentários:

  1. As raposas estão sempre de prontidão, querendo o "osso" de volta. Infelizmente a política e a imprensa em Itararé, minha querida cidade natal, são pautadas única e exclusivamente por interesses pessoais e projetos de poder escusos e nefastos.

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    1. Luis Felipe M. de Genaro (Autor)16 de outubro de 2014 às 23:10

      Exato Márcio. Os abutres estão rondando o Executivo e querem derrubar Cristina Ghizzi e sua gestão. Um golpe branco vem sendo orquestrado desde o 1º de janeiro de 2013, fato. Há interesses nefastos em jogo, como há o projeto de reconstrução e coerência da atual administração. Nos resta lutar contra esses inimigos históricos de Itararé.

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