terça-feira, 25 de novembro de 2014

Atraso, branqueamento e as teorias pseudocientíficas do século XIX

por MARCUS VINÍCIUS DO NASCIMENTO

A minha família materna é formada majoritariamente por negros e quase sempre quando alguém se refere a algum deles o chamam de morenos, mulatos, queimadinhos, entre outros termos. É evidente o receio que as pessoas têm em utilizar a palavra "negro" como se isso fosse algo pejorativo. É melhor se referir a essas pessoas com palavras que as “embranquecem”.

No século XIX, muitos pensadores, valendo-se das ideias evolucionistas de Darwin, conceberam um racismo com uma roupagem “cientifica”, que teve em Hebert Spencer a sua maior expressão. Essas teorias racistas pregavam a superioridade da raça branca a todas as outras que eram consideradas primitivas. 

O francês Joseph Arthur de Gobineau, autor do Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, em sua passagem como diplomata pelo Brasil, via no país uma grande dificuldade em alcançar o desenvolvimento devido à sua mestiçagem, exemplo de “degeneração”.

No Brasil, intelectuais como Nina Rodrigues, Silvio Romero e Euclides da Cunha relacionavam a formação étnica brasileira com seus problemas políticos, econômicos e sociais. A ideia defendida para superação desses problemas era a de “embranquecimento” da população brasileira, que se daria por meio da imigração europeia e de casamentos entre negros e brancos, para que em um curto espaço de tempo a população se tornasse, em sua maioria, branca. Assim, os mestiços não seriam um problema para os brasileiros como para Gobineau, mas sim um estágio do processo de embranquecimento e da ruptura com passado colonial escravagista negro.



Mais de um século depois, as ideias de inferioridade/superioridade de raças, mesmo sendo refutadas pela ciência, ainda continuam tendo seus seguidores, e são responsáveis por inúmeros casos de violência no mundo inteiro. Já o ideal de branqueamento está presente nos cosméticos, na cirurgia plástica, na moda e no negro que é chamado de “moreno”. 

O preconceito racial e o peso do nosso passado escravista ainda são feridas abertas no Brasil.

Viva Zumbi!

Abraços,
Marcus Vinícius do Nascimento.

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