terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Do matagal ao falatório: a limpeza pública em Itararé

por LUIS FELIPE MACHADO DE GENARO

Ninguém gosta de caminhar pelas calçadas desviando de matagais gigantescos, ou mesmo observar uma paisagem dita abandonada, seja no centro, nos subúrbios e nas afastadas periferias. Além da beleza urbana, a saúde pública é logo afetada. Muito mato, muitos insetos, animais peçonhentos, entre tantos outros graves problemas. 

De fato, a grande crítica de muitos cidadãos e da própria oposição política e midiática à gestão Ghizzi não recai como antes se fazia, em desvios milionários de dinheiro público, tramoias administrativas, rombos fiscais ou mesmo na falta de eventos culturais e socioeducativos – por mais que a retórica de muitos vereadores e “jornalistas” não flua exatamente nessa direção. Retórica por retórica, a mudança é evidente.

Diferente do que pregam seus mais ferrenhos inimigos, com a chegada de Cristina Ghizzi ao Paço Municipal, desmoronou a velha estrutura envolvendo corruptos e corruptores. Contudo, toda administração pública, por mais séria e coerente que seja, passa por maus bocados. Ainda mais quando se pretende fazer tudo nos trilhos da lei. É ai que se enfrenta obstáculos até então inimagináveis. Afinal, o quão difícil é roçar calçadas e retirar imensos matagais de ruas e avenidas? 

No mês passado, conversando com o secretário de Serviços Gerais, Ceir Piotrowski, indaguei quais eram as principais dificuldades da gestão no que dizia respeito à limpeza pública. Sempre disponível e disposto a dialogar, Ceir respondeu: “[No] ano passado, na equipe de jardinagem, havia 12 pessoas. Com aposentadorias, demissões e pedidos de exoneração, passei a ter três componentes apenas. [...]. Consegui incorporar o corpo dos garis na terça e quinta-feira, essa foi a “salvação da lavoura”, onde vários aprenderam a manejar a roçadeira. Com mais de 20 homens terça e quinta não damos conta do recado, pois o mato volta a crescer em apenas 15 dias”. De fato, o “mato” que cresce em todo o município de Itararé, do centro às periferias, não pode ou poderá ser contido com apenas 20 pessoas. O que a população como um todo parece não compreender.

Como mudar essa situação? A terceirização seria uma alternativa imediata. Ceir nos explica que não há dinheiro suficiente para que isso ocorra neste momento. Basta lembrarmos a calamitosa situação financeira da Prefeitura Municipal de Itararé abraçada por Cristina Ghizzi e seu secretariado para atestarmos sua constatação. 

A “herança maldita” deixada por gestões anteriores ainda causa sérios problemas para as contas municipais. Se descarta também o uso de produtos tóxicos, outrora a alternativa primeira dos antigos secretários da pasta. “Sei que se não tiver ajuda, dificilmente vou conseguir. Agora é esperar, mas nunca desistindo da luta”, afirma Ceir. 

Neste meio tempo, os funcionários da secretaria de Serviços Gerais trabalham para limpar espaços-chave do município, como as avenidas próximas às escolas. Se existem alternativas concretas, estas precisam ser debatidas para ontem. Com o auxilio da população – limpando terrenos privados, e não públicos – e da Câmara de Vereadores –, o que parece ser impossível devido à atual conjuntura política – a Prefeitura deve agir, e rápido. 

Novos projetos devem ser postos à mesa e perspectivas precisam ser velozmente revistas. Só assim o sensacionalismo barato dos opositores será calado. Afinal, para eles, o mais importante é roçar o mato. Renovação da frota? Uniformes e livros didáticos? Câmeras de videomonitoramento? Entrega de casas para moradores do campo? Organização das finanças? Nada disso parece importar.

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