quinta-feira, 9 de abril de 2015

Uma luz no fim do túnel

Enfim um bom nome para compor o Ministério de Dilma Rousseff

por OSVALDO RODRIGUES JUNIOR




Na última segunda-feira, 6 de abril, tomou posse o novo Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Indicado para substituir Cid Gomes, que pediu demissão após bater boca com parlamentares no Congresso Nacional, o novo ministro é Doutor em filosofia e foi professor de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo - USP durante 20 anos.

Na cerimônia de posse, Dilma afirmou que o novo ministro é um "ministro educador" e consolida a prioridade dada pelo governo a Educação. Janine é o quinto ministro da Educação do governo Dilma. Desde 2011 foram responsáveis pela pasta Fernando Haddad, Aloizio Mercadante, José Henrique Paim e Cid Gomes. À exceção do primeiro, nenhum deixou saudades. 

Em entrevista para a edição de março da Revista Brasileiros, Janine fez críticas ao governo Dilma. O novo ministro afirmou que existe um descompasso entre o que foi prometido e o que tem sido feito; além disso, afirmou que Dilma tem a concepção de "que não precisa prestar contas à sociedade. É isso que a Dilma está mostrando. Uma concepção de governo muito inquietante, porque é, no limite, autoritária". Após as críticas, o nome de Janine foi ventilado pela mídia juntamente ao de outro filósofo, Mario Sérgio Cortela. 

A indicação de Janine, que foi diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação entre 2004 e 2008, foi uma surpresa. Primeiro, pois apesar de eleitor do Partido dos Trabalhadores - PT, o novo ministro não é um quadro político do partido. Segundo pela postura crítica visível nos textos publicados e mesmo nas redes sociais. 

Apesar do distanciamento político e das críticas ao governo Dilma, Janine se disse "à vontade" para assumir o Ministério da Educação - MEC e afirmou que foi um sinal de grandeza da presidente convidá-lo para assumir a pasta. Apesar disso, os desafios são imensos para o professor Ribeiro. O primeiro deles será conviver com um corte de 31% das verbas. Outros não menos importantes serão colocar em prática as 20 metas do Plano Nacional da Educação - PNE aprovado em 2014; além de equacionar os problemas no Fundo de Financiamento Estudantil - FIES e no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - PRONATEC. 

Ao menos no discurso, Janine Ribeiro parece sensível aos problemas educacionais brasileiros. De responsabilidade do MEC, as universidades federais devem se engajar mais na Educação Básica segundo o novo ministro. Constituídas enquanto "agências de preservação do status quo", conforme Darcy Ribeiro, as universidade federais parecem viver em um mundo paralelo, apartadas da educação básica e das demandas sociais urgentes do Brasil. Desta forma, salvo raras exceções, são tradicionais e alheias à práxis. 

Depois de Joaquim Levy, indicado para realizar o ajuste fiscal que prejudica os trabalhadores, e da "rainha da motosserra" Katia Abreu, que afirmou que não existem mais latifúndios no Brasil, o perfil, o currículo e o discurso do novo ministro da Educação parecem representar uma "luz no fim do túnel" para o conservador governo Dilma. Resta saber se Janine terá autonomia para colocar em prática o que construiu na sua carreira acadêmica.

Paguemos para ver.

Abraços,
Osvaldo.

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