segunda-feira, 11 de abril de 2016

Podres Poderes

A Operação Alba Branca e o esquema de desvio de merenda escolar no governo de Geraldo Alckmin em São Paulo

por OSVALDO RODRIGUES JUNIOR





Na última terça-feira, 05/04, Marcel Ferreira Júlio, indicado pelo Ministério Público de São Paulo como operador do esquema que desviou mais de R$2 milhões de reais da merenda escolar no Estado de São Paulo afirmou em delação, que parte da propina era destinada ao Deputado Estadual e presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo Fernando Capez do PSDB. 

O esquema investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo na Operação Alba Branca desde 16 de janeiro, tinha como centro a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), sediada em Bebedouro. De lá saíam contratos forjados com preços de alimentos adulterados. Cássio Chebabi, ex-presidente da Coaf afirmou em acordo de delação premiada, que um lobista fazia contatos com políticos e órgãos públicos para a escolha da cooperativa em processos de licitação. No acordo era estipulado o valor de 5 a 25% de propina paga aos agentes públicos envolvidos.

Entre os supostos beneficiários do esquema estão o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Fernando Capez (PSDB), o deputado federal Duarte Nogueira Júnior, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita. 


Na tentativa de se descolar do caso, o governador tucano demitiu Moita e Fernando Padula, chefe de gabinete do antigo secretário de Educação Herman Voorwald, também demitido em dezembro, depois da fracassada tentativa de reorganização das escolas públicas do Estado de São Paulo, que deflagrou um movimento de resistência dos estudantes secundaristas no Estado. Padula, foi o responsável pela declaração de “guerra” aos estudantes secundaristas durante o movimento de ocupação das escolas estaduais.

Sobre o esquema, Alckmin afirmou que “isso é uma quadrilha que começou em outros Estados e chegou a São Paulo. Quem diz se a cooperativa que fornece os itens para a merenda está habilitada é o Ministério do Desenvolvimento Agrário”. Ou seja, para o governador tucano, a culpa pelo esquema de desvio de merenda que envolveu seu secretário de Educação, o chefe de gabinete do secretário, o chefe da Casa Civil do seu governo, que ocupava a sua antessala no Palácio dos Bandeirantes, além do líder do seu partido na ALESP é do governo federal por habilitar a Coaf para o fornecimento de merenda escolar. 



Carlos Alberto Santana, outro ex-presidente da Coaf afirmou em depoimento que uma equipe da Polícia Federal foi a cooperativa, mas apesar da existência de irregularidades nada foi feito. Outro fator que causou estranheza até mesmo aos investigadores, foi o desinteresse da PF em participar do caso mesmo após a deflagração da Operação Alba Branca em janeiro deste ano. 

Assim como o Cartel do metrô, esquema que fraudou licitações para compra de trens entre 1998 e 2008 e que está parado na justiça há um ano, o “merendão” tucano confirma que em São Paulo “enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede, são tantas vezes gestos naturais”. 


Abraços,
Osvaldo.

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