quinta-feira, 12 de maio de 2016

Machismo na política

Como os discursos do vereador Willer Costa Mendes representam o machismo, sexismo e a misoginia na política 

por OSVALDO RODRIGUES JUNIOR


Fonte: Câmara Municipal

A dominação masculina é entendida pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu como um processo histórico de submissão do gênero feminino construído por diferentes formas de violências simbólicas, ou seja, violências que não são físicas, mas produzidas por discursos, ideias e ações. Essa dominação é reproduzida em três práticas: machismo, sexismo e a misoginia. O machismo é um sistema de ideias, que procura esconder as relações de exploração e dominação, de submissão entre o homem e a mulher. Pertencem a este sistema o sexismo, enquanto atitude de discriminação em relação às mulheres, e a misoginia, enquanto sentimento de aversão e repulsa às mulheres.

Na política brasileira, a dominação masculina pode ser evidenciada em números. Cerca de 10% dos cargos eletivos são ocupados por mulheres. Atualmente, as mulheres ocupam apenas 63 das 594 cadeiras do Congresso Nacional. Na última lista da União Interparlamentar (UIP), que analisou a participação de mulheres na vida política em 189 países, o Brasil ocupa a 129º posição. Para além apenas dos números, as mulheres são o alvo preferido dos machistas que ocupam espaços na política. 

Desde que rompeu com a prefeita Cristina Ghizzi, o vereador Willer Costa Mendes vem fazendo ataques não apenas aos atos administrativos da chefe do executivo municipal, mas na maioria das vezes ataques pessoais. Dentre esses ataques, o vereador chegou a afirmar que a prefeita "cacarejava" em programa de rádio.

Dando continuidade aos ataques pessoais e gratuitos, na sessão do dia 2 de maio o vereador Willer atacou duas funcionárias da Prefeitura Municipal. A Secretária Municipal de Assistência Social, Bárbara Lechisnk foi atacada pelo vereador por supostamente ingerir bebida alcóolica em momento de lazer, enquanto a Assessora Jurídica, Luana Maria Rodrigues foi atacada pelas "fotos sensuais" publicadas em redes sociais. O vereador chegou a dizer que seria bonito alguém ocupando um cargo público tirar fotos como essas. 

No dia 9 de maio, o vereador Willer respondeu a nota do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL que denunciou a atitude machista na sessão anterior, com a afirmação de que não é machista, pois nunca "brigou" ou "bateu" em mulher. Em continuidade ao discurso machista, o vereador afirmou que nunca tirou foto para redes sociais de tipo "book rosa", fazendo uma relação clara entre os hábitos da vida privada da funcionária e a prática de prostituição. Além disso, questionou as roupas utilizadas pela funcionária em determinados espaços. 

O que o vereador parece não entender é que o machismo não se expressa apenas na violência física, mas justamente nos discursos preconceituosos proferidos por ele na tribuna da Câmara Municipal. Ou julgar as mulheres pelos habitos ou roupas não é preconceito? Será que se fossem elas, secretários e tivessem os mesmos habitos o vereador teria coragem de atacá-las na Câmara?

Ademais, como no caso em que insultou o Promotor de Justiça de Itararé, o vereador parece não entender o que significa a imunidade parlamentar. A imunidade não dá a ele direito de dizer o que quiser na tribuna da Câmara dos Vereadores, mas apenas direito ao foro privilegiado. Nessa direção o vereador deve responder a processos judiciais impetrados pelos prejudicados.

Diante dessa realidade, cabe as mulheres se filiarem aos partidos, participarem das discussões políticas, ocuparem os espaços públicos que são delas por direito. Além disso, analisar na hora do voto se o seu candidato tem práticas machistas, sexistas e misóginas. Só assim, conseguiremos ocupar a política e varrer os machistas de uma vez por todas da política nacional, regional e local.


Abraços,
Osvaldo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário